SISTEMAS CONSTRUTIVOS NA COMPRA DE UM APARTAMENTO

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 11:41

Até algumas décadas atrás, considerar o sistema construtivo na compra de um apartamento não fazia diferença. Isso porque, via de regra, os prédios altos eram construídos em concreto armado. Mas este cenário mudou muito nas últimas 2 décadas - e os impactos são bem grandes para o consumidor. 

 

De modo geral, existem 2 sistemas construtivos mais usados hoje na construção de apartamentos no Brasil: o concreto armado e o concreto estrutural. Existem outros sistemas, metálicos, drywall, painéis de concreto, normalmente associados aos 2 principais, mas não falaremos deles hoje, pois não são relevantes para problema que quero trazer aqui.

 

Mas afinal, o que são estes métodos construtivos e porque são importantes para o comprador? Vamos entender um pouco melhor como cada um funciona, e tudo vai se esclarecer naturalmente.

 

CONCRETO ARMADO

 

Basicamente, no Concreto Armado o prédio é formado por uma estrutura de pilares e vigas de concreto que formam uma espécie de esqueleto para a edificação. Simplificando, os pilares são os elementos verticais que ligam um andar ao outro, e que formam a altura do edifício, desde o solo até o topo. As vigas horizontais ligam os pilares (verticais) uns aos outros em cada pavimento e apoiam as lajes, que são basicamente os pisos dos andares.

 

Todo este conjunto é feito de concreto preenchido com ferragens de aço (os famosos vergalhões). Juntos, eles dão a forma do prédio e suportam todo o peso do edifício, que depois é fechado com blocos, formando as paredes e garantindo a proteção dos espaços internos.

 

CONCRETO ESTRUTURAL

 

Dos anos 2000 para cá, uma outra forma de estruturar um edifício vem se tornando muito popular, pelo seu custo mais baixo e maior velocidade de construção. Esta forma é o concreto estrutural (também chamado de alvenaria estrutural).

Basicamente, ele elimina as vigas e pilares de concreto sempre que possível, e todas as paredes são formadas por blocos especiais - que atendem a rígidos padrões de resistência. Assim, os blocos das paredes suportam o peso de um andar em cima do outro, sem pilares e vigas - só parede sobre parede.

Em alguns casos é preciso fazer um sistema misto, com alguns pilares e vigas presentes em locais onde as paredes são poucas, como uma grande porta de varanda ou para liberar garagens sob o prédio de paredes. Nesses casos, os pilares de concreto ainda existem só onde necessário, e essa mistura pode fazer com que prédios dos 2 sistemas fiquem muito parecidos.

 

 

DIFERENÇAS

 

Os dois sistemas oferecem limitações bem diferentes ao longo da  vida útil da edificação, principalmente no que diz respeito à possibilidade de reformas.

 

O sistema de concreto armado, pela capacidade de "parar em pé" independente da presença das paredes, permite amplas possibilidades de alterações, visto que qualquer parede de blocos pode ser retirada sem que isso comprometa a estrutura do edifício. Nestes prédios, você pode alterar o tamanho da cozinha, dos quartos, unir dois dormitórios ou ainda passar tubulações de ar condicionado e alterar encanamentos quando necessário, mudando inclusive a posição de pias, torneiras e tomadas.

 

Já em edifícios construídos com sistema de concreto estrutural, você fica limitado a poucas ou nenhuma alteração de paredes. Normalmente a construtora prevê a retirada da parede de um dormitório, permitindo integrá-lo com a sala, mas desde que a retirada seja feita ainda na obra. Reformas futuras não poderão mudar nada que altere os blocos de concreto. Portanto, abrir paredes, alterar pontos de ar condicionado, alterar pontos hidráulicos e até mesmo mudar tomadas de lugar são proibidos!

 

Isso acontece porque estas alterações, por menores que sejam, podem alterar a capacidade de sustentação das paredes, e ter sérias consequências para a estabilidade geral do edifício. Você pode pensar que uma pequena alteração não é algo sério, mas pense que se cada morador fizer a sua pequena alteração, elas vão se somando verticalmente e enfraquecendo a estrutura como um todo. Por isso, alterações devem ser fiscalizadas com rigor ao longo de toda a vida útil do prédio.

 

COMO ESCOLHER?

 

Diante de tantas diferenças, é desnecessário falar mais sobre as vantagens deste sistema. Mas a questão é que, em algumas faixas de preços, a opção pela alvenaria estrutural acaba sendo obrigatória, visto que o mercado não oferece mais a opção de concreto armado nestas faixas.

 

Assim, se você procura um imóvel na faixa até 500 mil, basicamente teremos alvenaria estrutural. Então, escolha de forma sábia a planta do seu imóvel, pois ela não poderá ser alterada futuramente e as opções de personalização serão limitadas. Questione a construtora sobre todas as personalizações possíveis e já faça tudo o que for do seu interesse ao longo da obra. Isso vai evitar limitações futuras.

 

Numa faixa intermediária, você tem os dois sistemas coexistindo, então se torna mais importante conhecer os sistemas, analisar os prós e contras e, no caso de optar pela alvenaria estrutural, explorar ao máximo as possibilidades de personalização que existem nessa faixa de preço. Mas podendo, opte pela estrutura de concreto armado.

 

Quando falamos em alto padrão, via de regra as construções ainda são em concreto armado, mas ainda é preciso ficar atento, pois existem opções em alvenaria estrutural no mercado - e aí as mesmas regras do médio padrão passam a valer.

 

Portanto, fique atento às diferenças construtivas, e sempre que possível, faça a sua escolha acompanhado de um Arquiteto, que vai te ajudar a entender os sistemas disponíveis e ainda te auxiliar para tirar o máximo das possibilidades de personalização oferecidas pelos empreendimentos da sua região.

 

Espero ter ajudado, e precisando de mais ajuda, fico à disposição!

PABLO CÉSAR, CORRETOR E ARQUITETO
Atuou por anos na concepção de empreendimentos. projetos arquitetônicos e gerenciamento de obras.
Foi expositor em 3 edições do Campinas Decor.
Atualmente se dedica exclusivamente à comercialização.


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